sábado, 10 de março de 2012

Tudo depende de como se vê


Dizia o livro: "As jibóias engolem, sem mastigar, a presa inteira. Em seguida, não podem mover-se e dormem os seis meses da digestão."
Refleti muito então sobre as aventuras da selva, e fiz, com lápis de cor, o meu primeiro desenho. Meu desenho número 1 era assim:


Mostrei minha obra-prima às pessoas grandes e perguntei se o meu desenho lhes fazia medo.
Responderam-me: "Por que é que um chapéu faria medo?"
Meu desenho não representava um chapéu. Representava uma jibóia digerindo um elefante. Desenhei então o interior da jibóia, a fim de que as pessoas grandes pudessem compreender. Elas têm sempre necessidade de explicações. Meu desenho número 2 era assim:


As pessoas grandes aconselharam-me deixar de lado os desenhos de jibóias abertas ou fechadas, e dedicar-me de preferência à geografia, à história, ao cálculo, à gramática.

Antoine de Saint-Exupéry, O Pequeno Príncipe

4 comentários:

  1. É mesmo uma pena que as pessoas só consigam ver o que está claramente exposto.Na verdade, só querem ver isso pois é mais simples, dá menos trabalho que desvendar olhares, gestos, ver o que está por trás de cada comportamento, entender o próximo. E assim cada vez mais a humanidade se torna superficialmente evoluída.Por isso prefiro as crianças...

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    1. É verdade, Lene! Concordo com você! Algumas pessoas quando crescem, deixam de imaginar, de sonhar, de simplesmente sentir... é uma pena. Nos deixamos absorver por outras coisas (materiais), passamos a estar sem tempo, sem silêncio... e a mágica, que dá forma à vida, vai se perdendo, escorrendo pelos dedos...

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  2. Li esse livro a pouco tempo e me fez refletir em muitas coisas, principalmente de como o mundo é tão simples e as pessoas o enfeitam, tornando tudo mais complicado, esquecendo da verdadeira essência da vida. Por isso digo a todos não abandonem a sua criança interior!

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    1. É verdade, flor. Vamos crescendo e nos tornando cada vez mais sérios, sempre necesitando mais e mais... Isso é um grande erro. Eu gosto tanto desse livro, muito mesmo! Eu o li quando tinha uns 12 anos e ele me abriu as portas do amor que sinto pelo universo literário, esse que hoje não consigo viver sem!
      Um beijo bem grande e obrigada pela visita! =) Saudade!

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